quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Sem 'tartaruga', PMs do DF traçam estratégia para boicotar trabalho


Lista inclui registrar infração de trânsito com erro, para multa ser anulada.
GDF diz que adotará 'medidas necessárias' se ações forem detectadas.

Insatisfeitos com a determinação judicial para suspender a operação tartaruga, policiais militares do Distrito Federal decidiram adotar procedimentos que permitam um “boicote” às atividades. As estratégias foram divulgadas por e-mail por um dos movimentos nesta terça-feira (4). As orientações incluem confeccionar autos de infração de trânsito com dados incorretos, para obrigar o Detran a anular a multa.
Vice-presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do DF, o sargento Manoel Sansão afirmou que a ordem é “radicalizar”. “Não há motivação para os policiais trabalharem. Não adianta o Agnelo enganar a sociedade de que tem policial na rua, porque é só o corpo que está lá. Ninguém está trabalhando direito. A situação só vai piorar. Nós vamos radicalizar”, disse.
Trecho de e-mail com orientações de como militares devem agir no DF (Foto: Reprodução)Trecho de e-mail que circula entre PMs com orientações de como militares devem agir no DF (Foto: Reprodução)
Por e-mail, o GDF disse que as negociações com a corporação serão conduzidas apenas quando a situação da segurança pública do Distrito Federal estiver normalizada. Informou ainda que não detectou nenhuma forma de boicote e que, caso isso aconteça, o comando-geral da PM vai adotar os procedimentos necessários, mas não detalhou quais.
Não há motivação para os policiais trabalharem. Não adianta o Agnelo enganar a sociedade de que tem policial na rua, porque é só o corpo que está lá. Ninguém está trabalhando direito. A situação só vai piorar. Nós vamos radicalizar"
Manoel Sansão, vice-presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros do DF
Nesta terça, os militares recorreram da decisão do Tribunal de Justiça determinando o fim da operação tartaruga. Eles também participaram de uma audiência pública na Câmara dos Deputados com os parlamentares do DF e com o secretário de Segurança, Sandro Avelar.
Na ocasião, Avelar afirmou que o aumento da violência na capital federal ocorre por causa da ação de menores infratores. Segundo ele, a legislação brasileira permite que os adolescentes retornem às ruas rapidamente e voltem a cometer crimes.
“Muito do que passa pela segurança pública no DF são problemas que passam pela legislação. Sofremos aqui com essa legislação branda que permite que menores cometam crimes bárbaros e continuem inflacionando os números, muitas vezes dificultando a atuação das autoridades policiais”, disse.
'Gente do governo'
Na segunda, o vice-presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do Distrito Federal afirmou que os policiais partirão para outra forma de manifestação após a decisão da Justiça pôr fim à operação tartaruga.
“Vamos acatar, porque a gente respeita a Justiça. Só que aí vamos partir para outras operações. Vamos abordar todo mundo, inclusive gente do governo que a gente sabe que está irregular. Vamos colocar a criminalidade no zero. Vamos encher as delegacias. Não é isso que o governador quer? Então pronto. Então vamos ajudar a sociedade. Já que o governador não tem compromisso com os policiais e bombeiros, nós vamos mostrar que temos com a sociedade”, disse.
Ele não disse quem eram as pessoas que ele chamou de "gente do governo" nem quais eras as irregularidades supostamente cometidas por elas. Na quinta-feira passada, durante reunião do governador com a cúpula da segurança, Agnelo classificou a manifestação dos PMs de "política".
Cartaz afixado em parada de ônibus na área central de Brasília (Foto: Raquel Morais/G1 DF)Cartaz afixado em parada de ônibus na área central de Brasília (Foto: Raquel Morais/G1 DF)
Operação tartaruga
Sem reajuste salarial, PMs do DF deflagraram em outubro a "operação tartaruga", enfraquecendo o policiamento ostensivo para cobrar aumento do salário, reestruturação da carreira e pagamento de benefícios aos que estão em atividade e reformados. Neste fim de semana, o Tribunal de Justiça acabou o pedido do Ministério Público para que a operação fosse declarada ilegal. O descumprimento da decisão tem como pena multa diária de R$ 100 mil.
Na última sexta, o governador Agnelo Queiroz reuniu a cúpula da segurança pública do DF para pedir que eles cobrem da tropa o cumprimento das atividades. Também entre as medidas para diminuir a sensação de insegurança, ficou determinado que os oficiais iriam as ruas, atuando junto à população e fiscalizando as atividades dos praças.
FONTE:
    http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/02/sem-tartaruga-pms-do-df-tracam-estrategia-para-boicotar-trabalho.html

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