Por Júlia Schiaffarino
O namoro entre PSB e PSDB virou compromisso em almoço oferecido por Eduardo Campos (E) a Aécio (de costas)...
O PSB abriu mão de lançar o prefeito de Belo Horizonte (MG), Márcio Lacerda, ao governo de Minas Gerais e declarou apoio ao pré-candidato do PSDB, o ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga. O anúncio foi feito, ontem, pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) em visita a Pernambuco. “Onde estivemos juntos por 10 anos não tem porque não estarmos juntos nesta campanha eleitoral. A começar pelo meu estado, onde há uma aliança e onde o PSB esteve presente no lançamento da candidatura do PSDB declarando o seu apoio”, disse o tucano.
De acordo com deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG), o apoio foi acertado no almoço na casa do governador Eduardo Campos, no início da tarde de ontem. A declaração de Aécio Neves, no entanto, havia sido dada horas antes desse encontro, ainda pela manhã, após conversa com parlamentares tucanos de Pernambuco e da Paraíba. Na ocasião, inclusive, o próprio senador comunicou-os da composição de forças em Minas Gerais.
A definição do quadro mineiro foi uma das maiores preocupações do governador de Pernambuco e presidenciável do PSB, Eduardo Campos, nos últimos meses. Reduto tucano, Minas é o segundo maior colégio eleitoral brasileiro, atrás apenas de São Paulo, também sob o comando do PSDB. Essa aliança com o partido de Aécio Neves, bem como a decisão de não lançar um nome próprio para concorrer com Pimenta da Veiga não significam, porém, que Campos ficará sem palanque em Minas Gerais. A orientação é para que tanto o prefeito Márcio Lacerda, quanto os parlamentares do PSB, a exemplo de Júlio Delgado, se organizem para dar visibilidade ao nome do governador pernambucano. Da mesma forma, o acordo entre tucanos e socialistas preservará os interesses dos candidatos a deputados estaduais e federais por Minas.
Confiança
Esse acordo confirma as expectativas iniciais que apontavam como muito provável a parceria entre tucanos e socialistas nos respectivos estados de Aécio Neves e Eduardo Campos. Em Pernambuco, o PSDB irá portar-se da mesma forma, não lançando candidato ao governo e declarando apoio a Paulo Câmara. Mas, se a tendência é que se forme um chapão para a disputa majoritária, o mesmo não deverá se repetir na disputa proporcional. Nesse caso, a expectativa do PSDB é de se unir ao DEM e ao Solidariedade, para somar quatro minutos de tempo de televisão e rádio.
Também nessa conversa com os tucanos nordestinos, o senador mostrou confiança de que pode vencer Eduardo Campos no primeiro turno em todos os estados, à exceção de Pernambuco. Em pelo menos seis — Goiás, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná —, Aécio relatou aos presentes que também espera ter vantagem de votos sobre a presidente Dilma. No fim da tarde, o senador Aécio Neves acompanhou um evento do Solidariedade, do qual participou o presidente nacional da nova sigla, Paulinho da Força.
“Onde estivemos juntos por 10 anos não tem porque não estarmos juntos nesta campanha eleitoral. A começar pelo meu estado, onde há uma aliança e onde o PSB esteve presente no lançamento da candidatura do PSDB, declarando o seu apoio”
Aécio Neves, presidente do PSDB.
Discutindo a relação
A união entre PSB e Rede passa hoje por mais uma prova de fogo. No primeiro Encontro Regional da Aliança PSB-REDE-PPS, em Porto Alegre, além de discutir as diretrizes do programa de governo de Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência, os dois partidos vão discutir a candidatura da senadora Ana Amélia (PP) ao governo do estado. O impasse se dá pelo histórico da parlamentar gaúcha com o setor ruralista, principal alvo das críticas de Marina Silva. Ainda assim, a situação que parecia contornada no estado, voltou à mesa de negociações após o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) declarar, em um vídeo, que considera quilombolas, índios e homossexuais “tudo aquilo que não presta”. As declarações do deputado irritaram Marina, que é historicamente defensora das causas ligadas às minorias.
O deputado Márcio França destaca que ainda não há nada fechado, mas o tema deve ser discutido. “A Rede gostaria de ter candidato próprio, e a tendência do PSB é apoiar a senadora Ana Amélia. Mas não há nada fechado, nem de um lado nem de outro”, frisa o deputado. Há a avaliação dentro do partido de que Marina poderá usar a influência dela para apaziguar os ânimos dentro da Rede, que é majoritariamente contra o apoio à Ana Amélia. Em contrapartida, a aliança PSB-Rede pediria ao partido da senadora apoio na corrida presidencial.
Uma expressiva ala da Rede argumenta que há muitos conflitos entre o PP e a coligação com o PSB. O entendimento é que as legendas trilham caminhos diferentes. O descontentamento da Rede em relação às escolhas do PSB já mostrou resultado em outras ocasiões. Em Goiás, por exemplo, os “sonháticos” — como Marina batizou o grupo que a apoia na montagem do novo partido — conseguiram barrar a aliança com o deputado Ronaldo Caiado (DEM), representante histórico dos ruralistas.
De acordo com França, o encontro de Porto Alegre deve repetir o que foi feito em Brasília, no mês passado, quando foi discutida a linha central da campanha da chapa pré-candidata à Presidência, com Eduardo Campos e Marina Silva. A ideia é explorar o discurso por uma sociedade sustentável e de defesa da ética. “Esse encontro é uma das oportunidades para debater o programa da aliança com as bases dos partidos envolvidos, para que ela seja uma expressão do pensamento dessa militância”, explicou Bazileu Alves Margarido, coordenador da Executiva Nacional da Rede.
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