Governador de Pernambuco discursou em tom de candidato à Presidência em evento do PSB, na Câmara dos Deputados

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), endureceu o tom nesta terça-feira contra o atual modelo de administração federal e deixou claro como será seu discurso durante as eleições presidenciais deste ano. Em tom de candidato, Campos disse que ninguém quer “mais quatro anos do que está aí”.
“Não há nesse País, em nenhum recanto que possamos andar, (não há) ninguém que ache que mais quatro anos do que está aí vai fazer bem ao povo brasileiro”, disse o pré-candidato, falando alto e gesticulando, sem citar a presidente Dilma Rousseff. O governador indicou que até mesmo aliados da atual gestão torcem pela vitória da chapa com Marina Silva. "Eu, a Marina e todos outros que está aí ouvimos de muitos que estão lá que estão contando as horas para estar aqui, que estão torcendo para nós ganharmos", discursou, no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados.

Campos mostrou como se comportará como terceira via na campanha presidencial: tentará mostrar que sempre fez uma oposição “consciente” nos anos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e que saiu “pela porta da frente” da administração petista. “Tivemos a consciência de fazer oposição 8 anos ao presidente FHC, mas nunca fizemos oposição desqualificando o debate político. Sempre fizemos com ideias, com pontos de encontro”, disse o governador.
Fazendo coro às críticas também feitas por Marina Silva, Campos disse que o pacto político atual “mofou”. “Da mesma forma que nos empenhamos, que participamos e ajudamos por dentro e por fora na luta pelas conquistas da vida pública, tivemos a capacidade de sair pela porta da frente, que esse pacto social novo não tolera mais esse pacto político que mofou e não vai dar nada de novo para o povo brasileiro”, afirmou. "Nossa paciência revolucionária vai derrota-los com argumentos, com projetos, com uma visão de futuro do nosso país, com planejamento estratégico", arrematou.
O socialista disse, durante o discurso, ter “aplaudido” as manifestações do ano passado, mostrando como as imagens das multidões nas ruas serão usadas no período eleitoral. Comparando com as massas da campanha pelas eleições diretas, há 30 anos, Campos disse que os movimentos sempre levaram a mudanças.
“É contra exatamente esse estado de letargia que nos incomodava, que nós vimos e aplaudimos o que o povo brasileiro fez em junho. E todas as vezes que o povo foi às ruas, anunciou mudanças. Anunciou melhoras”, disse.
Em entrevista após o evento, Campos negou preocupação com o tempo de TV da aliança durante a campanha eleitoral. "Eu acho que o tempo de TV será o suficiente para passar as boas ideias. Nós vamos ter muita gente nos ajudando nas ruas, nas redes sociais, a divulgar nossas ideias. As vezes a gente vê gente com muito tempo de televisão e não tem o que dizer. Temos muito o que dizer e temos pouco tempo de televisão", disse.
Ele desconversou sobre divergências pontuais nos Estados entre PSB e membros da Rede Sustentabilidade. Dirigentes estaduais do PSB terão até o dia 15 de março para informar sobre a situação local. "Tudo que vai ser feito nos Estados dialogará com as diretrizes aqui apresentadas. Não haverá nenhum projeto regional que passará por cima", prometeu.
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