quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

'Não sabia que aquilo era um rojão', diz acusado da morte de cinegrafista

Caio Silva pensou que artefato explosivo fosse um 'cabeção de nego'

O DIA
Rio - Preso na madrugada desta quarta-feira em uma pousada na cidade de Feira de Santana, na Bahia, Caio Silva, de 23 anos, confirmou ter acendido o rojão junto com Fábio Raposo, de 22, durante o protesto da última quinta-feira. "Eu acendi sim", revelou. O artefato atingiu o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, que teve morte cerebral nesta segunda-feira.
Ele afirmou que não tinha nenhum alvo específico e não sabia o que estava acendendo. "Nem sabia que aquilo era um rojão, pensei que fosse um 'cabeção de nego'", disse em entrevista veiculada no RJTV,  da TV Globo.
Caio confirmou à TV Globo que acendeu rojão. À polícia, disse que só falará em juízo
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
Segundo o acusado, ele decidiu fugir assim que viu suas imagens sendo divulgadas, "Eu fiquei com medo de me matarem, a verdade é essa". Questionado sobre quem o executaria, Caio apenas respondeu: "Pessoas, pessoas envolvidas nas manifestações".

Sobre um possivel aliciamento de jovens nas manifestações, Caio confirmou que há pessoas que são atraídas para os protestos por terceiros. "Alguns vão aliciados sim, outros não". Ele não quis dar detalhes sobre quem o teria aliciado. "A polícia que tem que investigar", disse.

Civil investiga se acusados agiram de forma coordenada

O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, disse que é preciso investigar se os envolvidos na morte de Santiago Andrade estavam agindo de forma coordenada. Segundo ele, ambos negam a ação conjunta.

"A mera análise das imagens já nos induz que as pessoas presentes estão com as vontades conjugadas. Não parecem ser aleatórias". "Não estão soltas, isoladas, como querem nos fazer crer", disse Fernando Veloso. A Polícia Civil confirmou que há outras imagens onde Caio aparece participando de outros protestos.
Delegado Maurício Luciano (à esquerda) ao lado do chefe de Polícia Civil Fernando Veloso na coletiva de imprensa
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
O chefe da Polícia Civil declarou que o delegado Jonas Tadeu só fez com que eles chegassem ao paradeiro de Caio mais rápido, já que o Serviço de Inteligência já possuía informações do local onde o acusado estava. O inquérito da morte do cinegrafista Santiago Andrade será entregue para o Ministério Público do Rio na próxima sexta-feira.

Segundo o delegado da 17ª DP (São Cristóvão), Maurício Luciano, o acusado não falou em arrependimento, não falou em praticar o ato e mostrou um certo idealismo. "Ele está muito firme em dizer que não vai falar absolutamente nada", disse.

Maurício Luciano também visitou a casa onde Caio mora com os pais e relatou que o suspeito é de família muito humilde. "Realmente a família dele é de uma condição muito pobre, de Nilópolis, na Baixada Fluminense. É de cortar o coração a condição da família dele", disse.

Segundo o delegado, ambos serão indiciados por crime de homicídio qualificado por emprego de artefato explosivo. A pena pode chegar até 30 anos de prisão. Questionado se os acusados fazem parte do grupo Black Bloc, o Maurício Luciano afirmou que não é possível ainda ter certeza da participação dos suspeitos no coletivo.

'Ele estava acuado, assustado e com muita fome', diz delegado

Suspeito de acender rojão pretendia ir para o Ceará
Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia
O delegado Maurício Luciano deu detalhes sobre a prisão de Caio Silva de Souza, de 23 anos, ocorrida na madrugada desta quarta-feira. Ele é suspeito de acender o rojão que atingiu e matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade durante um protesto na Central do Brasil, na última quinta-feira.

Segundo o delegado da 17ª DP (São Cristóvão), Caio não resistiu a prisão e foi persuadido pelo advogado Jonas Tadeu e pela sua namorada a se entregar. "Quando o encontramos ele estava acuado, assustado, com muita fome, dois dias sem se alimentar. Estava em um cômodo muito pequeno. O advogado estava presente", relatou.
Ainda de acordo com Maurício, as investigações apontam que o suspeito decidiu fugir após a divulgação de seu retrato falado, na última segunda-feira. "Ao saber que foi identificado, decidiu sair do Estado para ir a uma cidade do Nordeste. Ele comprou passagem com destino a Ipu, no Ceará, para a casa de avós paternos".

A ação teve o apoio da Centro de Operações Especiais (COE) da Bahia, que ajudou a conduzir Caio para uma delegacia local. O delegado também ressaltou que a prisão foi um trabalho de inteligência, mas que a intervensão do advogado Jorge Tadeu, que estava em contato com o jovem, foi importante na operação.

Suspeito de lançar rojão que matou cinegrafista diz que só falará em juízo

O delegado Maurício Luciano também disse durante a entrevista coletiva que Caio se negou a falar sobre a morte do cinegrafista. "Ele disse que falaria somente em juízo. Não admitiu, nem negou", disse o delegado.

Ainda segundo Maurício, segundo depoimentos, Caio seria uma pessoa reservada no dia a dia, em casa e no trabalho, mas que se "transforma no meio da multidão".

    FONTE: http://riodejaneiro.ig.com.br/?url_layer=http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-02-12/nem-sabia-que-aquilo-era-um-rojao-diz-acusado-da-morte-de-cinegrafista.html

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário

    Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.