quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Campos: país parou e saiu dos trilhos do desenvolvimento


No auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, Campos lançou, ao lado da deputada Eliana Pedrosa (PPS-DF) e da ex-senadora Marina Silva, as diretrizes para eventual governo. ...

Possível candidato à Presidência da República na eleição de 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou nesta terça-feira (4) ter a “percepção clara” de que o Brasil “parou” e saiu “dos trilhos” do desenvolvimento.  

“É possível fazer melhorar o Brasil e fazer com que o país não saia dos trilhos. Seja de um assentamento rural, periferia no sudeste, ou em qualquer cidade na Amazônia Legal que vamos, temos a clara percepção que as pessoas estão vendo que o país parou, saiu dos trilhos que vinha, que com idas e vindas estava avançando”, afirmou.

De acordo com Campos, a “sensação” de que o Brasil “freou”, impôs ao PSB lançar candidatura própria à Presidência da República. “De repente houve a sensação da freada.  Essa percepção clara nos impõe ao PSB, que ajudamos a construir a vitória do governo em 2010, a tomarmos a decisão unânime e mais dura [de se afastar do PT]”, disse.

Mais cedo nesta terça, o governador e Marina Silva entregaram o documento com as diretrizes do governo ao presidente do PPS, Roberto Freire.  O partido oficializou, em dezembro, apoio à chapa presidencial do PSB em 2014.

Campos entrou no auditório aos gritos da palavra de ordem: “Brasil, para frente, Eduardo presidente”.  A ex-senadora Marina Silva sentou-se ao lado do governador e foi aplaudida de pé ao chegar ao auditório da Câmara. Na plateia estavam possíveis candidatos a diversos cargos nas eleições de outubro, como a ex-corregedora-geral de Justiça, ministra Eliana Calmon, que deve concorrer ao Senado.

Campos afirmou, no discurso, que o “velho pacto político que mofou” não dará “nada de bom” para a sociedade brasileira. Segundo ele, nem todos “caem de joelho” em troca de cargos no governo federal. “ Sei que não podemos botar cabestro da política, distribuindo cargos, pensando que todos se põem de joelho. Tem aqueles que carregam na consciência a vontade de lutar contra esse estado de letargia que nos comandava”, disse.

O governador criticou o atual governo da presidente Dilma Rousseff dizendo não haver “ninguém que ache que  mais quatro anos do que está aí fará bem ao povo brasileiro”. Campos afirmou que vai derrotar o governo atual com “ideias” e disse que não vai se “desesperar como aqueles que se agarram à máquina pública com medo de perder as eleições”.

Burocracia
Eduardo Campos defendeu ações para desburocratizar o país. “O Estado brasileiro complica a vida do povo brasileiro”, disse. O governador relatou que um empresário contou a ele que tem 200 funcionários só para pagar impostos.

Campos também criticou o excesso de documentos necessários para realizar qualquer transação ou registro no país. “Você chega num órgão público e você precisa de 30 documentos. Quando você arruma o trigésimo o primeiro já venceu”, afirmou, arrancado risadas da plateia.

O governador defendeu que a máquina pública seja operada por profissionais competentes e não por indicações políticas. “O Estado não pode ser apropriado nem pelas elites, nem pelo corporativismo, nem pelos partidos políticos, tem que ser apropriado pela competência e excelência de servir.”

Crescimento
Eduardo Campos criticou ainda o desacelerado crescimento econômico do Brasil, que, segundo ele, tem gerado pioras nos indicadores sociais.

“Se o país passar uma década crescendo a 2% vai acontecer o que acontece hoje. O analfabetismo crescendo, o país perdendo competitividade, a indústria caindo e vamos gerar às futuras gerações que país?”, questionou.

Educação
O governador destacou ainda que a maior prioridade de e um eventual  governo do PSB será a educação.

“Se temos que ter uma prioridade, a prioridade tem que ser a educação. Radicalizar na prioridade é colocar técnica, recursos, colocar o povo próximo da reformulação da política, do controle social sobre as escolas. Ter uma escola em que a comunidade participe”, defendeu.

Campos também disse que as políticas sociais são importantes, mas precisam “ser protegidas pela condição econômica”. “Senão, é enxugar gelo”, disse.

‘Mofo’
Marina Silva discursou antes de Eduardo Campos e afirmou ser possível “reconstruir aquilo que está mofando na política”. Antes do discurso da ex-senadora, um poeta resumiu as diretrizes do programa do PSB em verso e prosa. Em seguida, um tocador de pandeiro fez uma apresentação.

“Ver nossas políticas serem cantados em verso e prosa é demonstração que algo novo e vivo está surgindo”, disse Marina após as apresentações. Marina Silva afirmou que a aliança entre PSB e Rede Sustentabilidade “não é baseada na estrutura, tempo de televisão, marketing, mas em cima de um programa”.

“[Temos como] eixo de sustentação a ideia de que precisamos ampliar as conquistas, mas ao mesmo tempo sem ter uma atitude de complacência com os erros que estão sendo praticados repetidamente”, afirmou.

Para a ex-senadora que deve concorrer à vice-presidência na chapa de Campos, a “política está insustentável da forma como está sendo operada”. “Cada vez mais a população quer melhorar a qualidade da sua representação. Cada vez mais as pessoas querem ampliar sua participação, porque está surgindo no Brasil um novo sujeito político.”

A senadora reforçou sua plataforma principal de atuação política, a proteção ambiental, e defendeu o surgimento de “um modelo de desenvolvimento capaz de assegurar vida digna, justiça social, mas ao mesmo tempo preservar as bases naturais desse desenvolvimento”.

“O entulho da velha política está atrapalhando o Brasil porque não se discute propostas, não se discute ideias, se discute o que fazer para aumentar o tempo de televisão, o que fazer para aumentar o palanque”, criticou.

Diretrizes
As doze diretrizes apresentadas por Eduardo Campos e Marina Silva estão compreendidas em “4 eixos”:  Estado e democracia de alta intensidade; economia para o desenvolvimento sustentável; educação, cultura e inovação; políticas sociais e qualidade de vida; novo urbanismo e o pacto pela vida.

No primeiro eixo, o partido propõe o uso da tecnologia e da mídia digital para ampliar a democracia. Defende ainda o fim de “disputas personalistas”, o fim do abuso do poder econômico e a “superação do clientelismo”.  Para tanto, defende a realização de uma reforma política.

No segundo eixo:- economia para o desenvolvimento sustentável- a aliança PSB-Rede Sustentabilidade  defende valorizar pequenas e médias empresas, implementação de uma economia que produza baixa emissão de gás carbônico, modernização tecnológica da agricultura e “reformulação da reforma agrária”.

No terceiro eixo- educação cultura e inovação- Campos diz que o foco será a erradicação do analfabetismo, ampliação da política de cotas, e a integração entre educação e cultura, com a abertura das escolas à diversidade cultural do Brasil.

No quarto eixo- políticas sociais e qualidade de vida- o partido diz que reforçará o Sistema Único de Saúde, a atenção básica de saúde e o atendimento a famílias.

No quinto  e último eixo- novo urbanismo e pacto pela vida- o PSB promete melhorar a mobilidade urbana investindo no transporte coletivo em “todas as suas modalidades”. Para resolver o problema da segurança pública, o partido propõe uma “reconciliação” entre a periferia e as áreas centrais da cidade. Para a sigla, o acesso a transporte, cultura e lazer deve contribuir para gerar uma “cultura de paz”.

Fonte: Portal Estação da Notícia

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