quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Ultimato da Fifa e protesto ofuscam solenidade com Dilma


Antes de se reunir com Blatter, nesta quinta, em Zurique, presidente inaugurou a Arena das Dunas, mas teve de responder sobre possível exclusão de Curitiba

A presidente Dilma Rousseff inaugura a Arena das Dunas, em Natal
A presidente Dilma Rousseff inaugura a Arena das Dunas, em Natal (Friedemann Vogel/Fifa/Getty Images)
Dilma aproveitou a ida ao Fórum Econômico Mundial para se encontrar com Blatter, que tem alternado declarações muito duras sobre o Brasil com tentativas de manifestar seu otimismo em relação ao torneio no país
Um dos principais assuntos na pauta do Palácio do Planalto neste primeiro semestre é a tentativa de criar uma agenda positiva ao redor da Copa do Mundo - o governo avalia que o sucesso e a segurança do evento, que começa em 12 de junho e termina em 13 de julho, terão forte impacto na campanha da presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição em outubro. Na noite de quarta-feira, Dilma teve sua primeira chance em 2014 para promover o torneio sob um enfoque positivo, inaugurando oficialmente a Arena das Dunas, em Natal, um dos seis estádios da Copa que o Brasil ainda não havia concluído. As circunstâncias da solenidade, no entanto, foram altamente desfavoráveis, e Dilma acabou tendo de se defrontar com dois dos "fantasmas" que cercam a realização do evento - a má impressão deixada pela demora na construção dos estádios e as manifestações populares que contestam o gasto de dinheiro público nas arenas.
Antes mesmo da chegada de Dilma ao local, no fim da tarde de quarta, cerca de 200 pessoas se reuniram nos arredores da Arena das Dunas para protestar contra os investimentos estatais nos estádios, cobrando mais gastos em saúde, segurança e educação. O grupo carregava uma boneca inflável gigante de Dilma. A polícia teve de bloquear o acesso ao estádio. A governadora Rosalba Ciarlini, que acompanhou a presidente na inauguração da arena, também foi alvo dos manifestantes. A presidente não comentou a manifestação e se esforçou para destacar os aspectos positivos do projeto, orçado em cerca de 420 milhões de reais, dos quais 396,5 milhões saíram de financiamento federal. "Fiquei encantada com a beleza desse estádio, que ele saiu 3% abaixo do preço orçado e que tem tecnologia de sustentabilidade ambiental", disse Dilma, que também destacou a possibilidade de a arena receber convenções e eventos. "O estádio vai contribuir para esse imenso potencial turístico que Natal tem."
Acompanhada pela governadora, Dilma fez uma rápida visita pelas instalações. Depois, no centro do gramado, posou para fotos chutando uma Brazuca, a bola oficial da Copa, e tirou fotos com alguns operários. A Arena das Dunas receberá suas primeiras partidas no domingo, com uma rodada dupla envolvendo as duas maiores torcidas de Natal (América-RN e ABC). Com capacidade para 32.000 pessoas (42.000 durante a Copa, quando o estádio terá arquibancadas provisórias), a Arena das Dunas terá quatro partidas no Mundial, incluindo o clássico entre Itália e Uruguai, em 24 de junho. Mas se o estádio potiguar já está pronto para os primeiros testes, a Arena da Baixada, em Curitiba, continua sendo um problema para o país-sede. Dilma falou pela primeira vez sobre a ameaça de exclusão do estádio, que sofreu um ultimato da Fifa: ou as obras avançam de forma clara consistente até 18 de fevereiro ou o Paraná pode ficar fora do Mundial. Preocupada com a desastrosa repercussão dessa possível exclusão dentro e fora do Brasil, a presidente se esforçou para mostrar otimismo.
"É aquilo que Nelson Rodrigues dizia: não é possível apostar no pior. Acredito que o governador, que o prefeito e que o empresário responsável pela obra vão fazer o estádio no prazo. Tenho certeza", garantiu Dilma, que nesta quinta terá de voltar ao assunto quando participar de uma reunião com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, na sede da entidade, em Zurique. Dilma aproveitou a ida à Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, em Davos, para se encontrar com o cartola, que tem alternado declarações muito duras sobre o Brasil com tentativas de manifestar seu otimismo em relação ao torneio no país. O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que também acompanhou Dilma na visita ao estádio de Natal, permaneceu no país. Ele viajou para o Rio de Janeiro, onde participou, pela manhã, de um encontro com o ex-lateral Jorginho, criador de um projeto social que tem apoio da Fifa. Ainda nesta quinta, Valcke discute a situação de Curitiba e dos outros estádios ainda incompletos numa reunião com a cúpula do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial.

O que ficou só na promessa para o Mundial

Estádios privados

O ministro do Esporte do governo Lula prometia uma Copa totalmente privada, sem uso de dinheiro público nas arenas. Entre as doze sedes do Mundial, porém, só três (São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) são empreendimentos particulares - e mesmo essas obras dependem de financiamento de bancos estatais e generosos incentivos públicos.

As obras na Arena da Baixada, em Curitiba, no dia da primeiroa inspeção de Jérôme Valcke ao local em 2014, 21 de janeiro
As obras na Arena da Baixada, em Curitiba, no dia da primeiroa inspeção de Jérôme Valcke ao local em 2014, 21 de janeiro - Friedemann Vogel/Fifa/Getty Images

Pontos vulneráveis do Brasil em 2014

Dores de cabeça nos aeroportos

No decorrer da Copa das Confederações, muitos visitantes reclamaram das falhas na infraestrutura aeroportuária brasileira. Em sedes como Belo Horizonte e Rio de Janeiro (Galeão), deram de cara com aeroportos em obras. Em Salvador, viram um terminal ficar cheio d'água após um temporal. E em quase todas as sedes, sofreram com pequenos transtornos que já viraram rotina para os passageiros brasileiros - e que fazem a experiência de voar no país ser muito mais desagradável. Exemplos: a constante troca de portões de embarque, que faz o viajante zanzar de um lado para outro nos momentos que antecedem o voo, e a longa espera nas esteiras de retirada de bagagens. Além da baixa qualidade dos serviços oferecidos em muitos aeroportos brasileiros, há um outro obstáculo para a Copa: ela está marcada para um período do ano em que muitos aeroportos, principalmente no Sul e no Sudeste, ficam fechados por causa da neblina. Garantia de fortes emoções para quem tiver voos marcados para os dias de jogos em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo (Congonhas) e Rio de Janeiro (Santos Dumont).


(Com agências EFE, Gazeta Press e France-Presse)

FONTE: http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/ultimato-da-fifa-e-protesto-ofuscam-solenidade-com-dilma

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