domingo, 29 de dezembro de 2013

Quadrilha ganhou R$ 50 mi


Grupo acusado de comandar a jogatina no Distrito Federal acumulou patrimônio milionário, entre imóveis em bairros nobres e carros de luxo, em 15 anos de atividade ilegal.

Dinheiro e tecnologia: os investigadores recolheram as máquinas usadas nas apostas do jogo do bicho
Os principais integrantes da quadrilha que comandava o jogo do bicho no Distrito Federal acumularam um patrimônio estimado em R$ 50 milhões, somente em Brasília, durante os 15 anos de exploração da jogatina. Entre os bens, aparecem mansões no Lago Sul e carros de luxo. A polícia não descarta a possibilidade de a organização criminosa ainda ser proprietária de imóveis em outras unidades da Federação.

Os seis acusados de integrar a quadrilha do jogo do bicho, presos na última quinta-feira durante a Operação Armadilha, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), ficarão na cadeia pelo tempo que a polícia e a Justiça julgarem necessário para concluir as investigações. Isso porque ontem a Justiça converteu as prisões em flagrante em preventivas. Além disso, os acusados estão impedidos de movimentar dinheiro porque tiveram os bens bloqueados. O aviso foi enviado aos cartórios de registro de imóveis, aos Detrans do país e ao Banco Central. ...

A investigação aponta o advogado Hélio César Alfinito e João Carlos dos Santos como os chefes do grupo criminoso que atuava no Distrito Federal desde 1998. Suspeita-se que a organização tivesse ligação com o jogo do bicho no Rio de Janeiro e em Tocantins. Na operação policial, os agentes da Deco apreenderam a quantia recorde de R$ 2,75 milhões e US$ 10 mil (cerca de R$ 23,4 mil) em espécie.

A polícia encontrou dois cofres em imóvel na Asa Norte: R$ 1,3 milhão
 
Os investigadores recolheram ainda computadores e telefones celulares

De acordo com os investigadores do caso, os chefões do negócio ilegal e lucrativo dividiram a capital federal em duas regiões e atuavam em 11 cidades. As apostas rendiam a eles, em média, R$ 3 milhões por mês. Enquanto Alfinito comandava o esquema na Asa Sul, no Cruzeiro, no Guará, no Núcleo Bandeirante, no Riacho Fundo e em São Sebastião, João Carlos explorava a jogatina na Asa Norte, em Ceilândia, no Paranoá, em Sobradinho e em Planaltina.

Escritórios
Para ampliar o controle sobre as apostas e tornar a contabilidade mais eficiente e rápida, a quadrilha investiu em tecnologia de ponta. Nada de apostas manuais, em papéis encardidos, como no passado (leia Para saber mais). Elas eram feitas em máquinas parecidas com as de cartão de crédito e débito. “O apostador indicava o valor da aposta e o número do bicho. As informações eram transmitidas em tempo real. Vamos submeter as máquinas à perícia para saber se elas e o software são produzidos no Brasil ou se são importados”, explicou o delegado-chefe da Deco, Fábio de Souza.

Ainda de acordo com a polícia, Alfinito e João Carlos comandavam pelo menos 12 pessoas, sendo parte delas familiares. Para lavar o dinheiro, recorriam a empresas de fachada ou administradas por laranjas e parentes distantes. “Em algumas (companhias), eles aparecem como proprietários, mas isso era apenas para justificar os ganhos ilícitos”, destacou o delegado Fábio.

Os investigadores identificaram pelo menos cinco empresas e uma ONG usadas pelo grupo criminoso. Entre elas, uma imobiliária com sede no Lago Sul; uma empresa de contabilidade; e outra do ramo da construção.

A certeza da impunidade levou os integrantes da quadrilha a montar escritórios do negócio ilícito até em áreas nobres. Dois deles funcionavam no Lago Sul, uma das áreas mais valorizadas do Distrito Federal, e um em Sobradinho. Em um dos endereços onde os policiais cumpriram os mandados de busca e apreensão, na Asa Norte, havia dois cofres. Dentro deles, R$ 1,350 milhão. Todo o dinheiro apreendido ficará sob a responsabilidade da Justiça.

Contravenção

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) estima que o dinheiro lavado no mundo varia entre US$ 800 bilhões e US$ 2 trilhões por ano, entre 2% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. No Brasil, o crime de lavagem de dinheiro foi regulamentado pela Lei nº 12.683, de 2012, que ampliou a abrangência da legislação penal e configurou o delito como sendo a “dissimulação e ocultação da origem de recursos provenientes de qualquer crime ou contravenção penal”, como jogo do bicho e exploração de máquinas caça-níqueis.
 
Fonte: Adriana Bernardes - Correio Braziliense

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