quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Otan diz que ataque químico não pode ficar sem resposta

Ocidente pressiona por intervenção militar, enquanto Conselho de Segurança da ONU se reúne em NY. Navios estão posicionados e ataque é iminente

Especialistas em armas químicas da ONU visitam pessoas afetadas pelo suposto ataque com gás, em um hospital no subúrbio de Damasco - (26/08/2013)

Especialistas em armas químicas da ONU visitam pessoas afetadas pelo suposto ataque com gás, em um hospital no subúrbio de Damasco - (26/08/2013) - Abo Alnour Alhaji/Reuters

secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou nesta quarta-feira que a utilização de armas químicas na Síria é "inaceitável" e "não pode ficar sem resposta". Ele falou após uma reunião dos embaixadores da Aliança Atlântica sobre a situação no país árabe. As declarações de Rasmussen foram dadas enquanto os embaixadores dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China - estão reunidos em Nova York para discutir a questão síria. O tom cada vez mais agressivo da comunidade internacional contra o governo do ditador sírio Bashar Assad e os navios de guerra já posicionados com mísseis na região são um claro indicativo: a intervenção militar na Síria é iminente. Ainda não está claro, porém, em quanto tempo os Estados Unidos e seus aliados planejam atacar - e de que modo vão fazê-lo.
"As informações disponíveis, procedentes de um grande número de fontes, designam o regime sírio como responsável pelo uso de armas químicas durante os ataques ocorridos perto de Damasco em 21 de agosto", declarou Rasmussen. "Esta é uma clara violação das normas e práticas internacionais de longa data. Os responsáveis devem prestar contas", completou.
Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU analisa uma proposta de resolução apresentada pela Grã-Bretanha que autoriza os países membros a “adotar as medidas necessárias para proteger os civis na Síria”. Além disso, o texto condena os ataques químicos que mataram centenas na semana passada. Na prática, a resolução que o premiê David Cameron tenta aprovar autoriza uma intervenção militar contra o regime do ditador Bashar Assad. Nesta quarta, o premiê recebeu apoio do Conselho de Segurança Nacional da Grã-Bretanha para uma ação contra a Síria. Segundo o escritório de imprensa de Cameron, os chefes militar e de segurança foram "unânimes" no apoio ao pedido do primeiro-ministro. 
Na terça-feira, autoridades americanas afirmaram que as forças do país estão prontas para agir na Síria. A expectativa é que os EUA liderem uma espécie de ataque punitivo de curta duração, pelo ar, sem o envolvimento duradouro na guerra civil do país. Os americanos também passaram, sem esperar pela ONU, a elaborar um relatório paralelo para mostrar que Assad fez uso das armas químicas – mais uma ferramenta para legitimar a intervenção. O secretário de Defesa do país, Chuck Hagel, disse que os planos de intervenção já foram elaborados e que basta uma ordem de Obama para o início dos ataques. Pelo menos quatro destroieres armados com mísseis foram descolados para a costa síria. 
Punição - As eventuais ações militares seriam mais uma forma de advertir o ditador Bashar Assad e puni-lo pelo ataque com armas químicas. Os EUA, que têm sido cautelosos nos últimos dois anos com qualquer intervenção na guerra civil que assola a Síria, já afirmaram que as ações militares não serviriam para forçar uma mudança de regime no país. O exemplo em mente seriam ações punitivas realizadas pelos EUA contra Saddam Hussein em 1998, quando centenas de misseis de cruzeiro foram disparados contra alvos no Iraque, sem o uso de tropas terrestres e sem forçar a queda do seu governo. Na ocasião, a justificativa para os ataques foi a negativa de Saddam em cumprir resoluções da ONU sobre desarmamento. A operação durou quatro dias.
Segundo fontes ouvidas pelo jornal americano Washington Post, os ataques na Síria, exclusivamente aéreos, devem durar cerca de dois dias.A participação militar britânica deve ser nos mesmos moldes. Na quinta-feira, o parlamento britânico deve se reunir em sessão extraordinária para decidir como lidar com a questão síria.
Nações Unidas - Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu mais tempo antes de qualquer intervenção e disse que o conflito seja resolvido pela via diplomática, e não pela militar.   
Enquanto cresce a chance de intervenção, o governo sírio passou a adotar uma retórica ainda mais incendiária contra os rebeldes e contra o ocidente. Nesta quarta-feira, o vice-chanceler sírio, Faisal Maqdad, disse que os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França ajudaram "terroristas" a usar armas químicas na Síria, e que os mesmos grupos vão em breve atacar a Europa com essas armas. "Nós repetimos que grupos terroristas são aqueles que usaram (armas químicas) com a ajuda dos Estados Unidos, Reino Unido e França, e isso tem que parar", disse.
Russos - Já Rússia, um dos maiores aliados e fornecedores de armas do regime do ditador Bashar Assad, retirou na terça-feira 116 cidadãos que estavam no país. A retirada ocorre ao mesmo tempo em que o governo russo adverte as potências ocidentais a aguardarem a conclusão do relatório dos inspetores da ONU que investigam o ataque que matou centenas de pessoas em um subúrbio de Damasco no dia 21 de agosto. Para os russos, qualquer debate sobre uma eventual intervenção só deve ser feito depois da conclusão. 
Israel - Com o aumento da tensão na região, o exército israelense convocou reservistas e ativou sistemas de defesa no norte do país. ”Estamos desdobrando sistemas de defesa ativa na zona norte. Nossa preparação pode ir mudando de acordo com a análise da situação”, disse a fonte do exército israelense.
Segundo o jornal digital Israel News, o exército instalou uma bateria adicional de um sistema antimíssil na região. Por enquanto, não houve mudanças nas recomendações à população e o exército pediu que os cidadãos israelenses “mantenham a rotina”.

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